quinta-feira, 17 de abril de 2014

:::: O LEPROSO por Irmão Ciro


Caminhava eu pelas ruas empoeiradas, as roupas rotas, as sandálias em farrapos, como eu próprio, pois era um farrapo humano que caminhava sem rumo certo, sem direção segura.
As pessoas ao se aproximarem de mim, sentiam nojo, náuseas devido minha condição sub-humana, devido à Lepra que me devorava o corpo, tão rapidamente que cada dia pensava ser o último daquela existência.
Como é a vida; ou melhor, como são nossas Provas ou Expiações.
Momentos antes quando ainda estava limpo, Fui um Mercador Respeitado, todos enviavam para mim os melhores olhares, invejavam minha posição; todo Sinédrio devotava em Minha Pessoa toda consideração; mas era tudo interesse, pois da noite para o dia, fui expulso da sociedade e até de minha própria casa quando apareceram em meu corpo as chagas. Acabei perdendo a propriedade e tiraram-na até de minha esposa e filhos.
Mas a esperança nunca se esvaiu de minha alma, no fundo sabia que receberia o socorro no momento devido.
Mas como?
Perguntava para mim mesmo.
Já que fui obrigado a morar nas cavernas destinadas para os leprosos.
Quantos lá existiam na mesma situação que eu, Pessoas de Bem, Honestas, Trabalhadoras, Comerciantes, Pessoas Consideradas Ilustres naquela época; e até Sacerdotes, Doutores da Lei, e alguns pertencentes aos Altos Postos do Sinédrio. Não faltavam aqueles que serviam ao Império, ao Governo Local e ao de Roma.
Havia também os Excluídos da Sociedade devidos os poucos recursos materiais que possuíam, os quais eram considerados os Miseráveis da Época.
Ali dentro daquele local não havia privilégios, éramos iguais, e o que nos nivelava era a Doença Repugnante, embora muitos procurassem ignorar e se agruparem de acordo com a posição social que desfrutavam antes de serem expulsos do lar e da cidade.
Mesmo ali o Orgulho e a Vaidade ainda Imperavam em toda essência e com toda a sua força.
Pobres seres que éramos, não conseguíamos mesmo com o sofrimento reconhecer nossa pequenez e fragilidade diante das Leis Divinas e de Justiça que impera sobre todas as criaturas.
Mas Deus existe. Nunca nos Abandona e Sua Misericórdia sempre nos atinge quando O Buscamos com Fé.
O Ano era Trinta e Dois desta Era, e Jesus o Cristo caminhava ao nosso lado.
Até que numa Manhã Gloriosa, de um Dia Maravilhoso, em que o Azul do Céu parecia trazer uma Tonalidade Especial; o Brilho do Sol que além de nos aquecer, transmitia naquele momento uma Alegria Inexplicável que nos convidava a nos banharmos em seus raios, na adjacência externa da caverna; e contemplar o Verde e o Colorido das Plantas que se mostravam mais viçosas nos atraindo a atenção para o lado externo de nosso sombrio habitat...
Eis que observamos passar ao lado de nossa caverna a Figura Iluminada e Imponente do Mestre dos Mestres; e como o momento era ímpar e não poderíamos deixar escapar esta oportunidade, já que Ele estava Só, Desacompanhado da Multidão que O seguia e nos desprezava...
Então O Chamamos, Ele com todo Amor que o Caracterizava, Ternura Incomparável e Respeito Infinito por aqueles que sofrem pela própria incúria mediante os atos da vida...
Virou-se para nós, nos fitando demoradamente parecendo nos perscrutar a alma aturdida pelo sofrimento e nos perguntou Mansamente com a Sua Voz Inesquecível:
- O que desejais que Eu os faça?
- Respondemos todos, que desejaríamos ficar curados, limpos.
O seu Rosto se Iluminou com um Sorriso Divino e Ele então nos disse com sua Voz Melodiosa Mesclada de Energia que nos tocou as fibras mais intimas da alma.
- FICAI LIMPOS.
No mesmo instante saramos; como se nunca estivéssemos adoecidos.
A Alegria era tamanha que pulávamos, nos abraçando, esquecendo o Orgulho, a Vaidade, e a Posição Social que ainda infelizmente ali reinava.
Saímos em disparada em direção à cidade, em busca dos amigos e familiares; passando Ao Lado do Cristo que nos Observava Sorrindo, quais se fossemos crianças quando recebem um presente.
E esta Imagem ainda permanece viva em minha mente, e me causa um grande pesar pela minha Ingratidão Momentânea Diante Daquele que Era e É a Luz do Mundo.
Haja vista que o Egoísmo ainda nos dominava, pois éramos formados de um número considerável e Apenas Um de Nós Voltou para Agradecê-Lo.
Embora não O tirava do pensamento e do coração, não voltei para Agradecer-lhe a Dádiva; vindo saber mais tarde que apenas um entre todos nós voltou para Adorá-lo e Render-lhe Graças.
Justamente aquele em que eu mais me afinizava no interior da caverna.
Sendo que este irmão, desde a atual existência, tornou-se-lhe seguidor e servidor.
Arrependo-me por não ter tido a coragem de tomar a mesma atitude, a qual teria mudado minha vida já naquele instante; mas pude fazer mais tarde numa Outra Existência Trabalhando em sua Vinha, Honrando-lhe O Nome e Os Ensinos deixados para a Humanidade através de seus Apóstolos.
Pois como afirmei anteriormente, Jamais O Esqueci; dedicando-me totalmente à sua Causa:
- A Difusão de seu Evangelho em prol de todos os semelhantes, tão sofredores e necessitados como eu, em Ouvir e Sentir o Amor do Cristo a nos Falar ao Espírito e nos Curar de todas as Mazelas que ainda nos Envolve o Ser.
Hoje me sinto Honrado por Laborar em sua Vinha, dedicando-me com total entrega por Gratidão, Respeito e Amor, em Servir-lhe através da Humanidade Terrena, nossos Irmãos de Caminhada.
Que a Paz Infinita e o Amor Imensurável de Jesus o Cristo, nos envolva pela Eternidade.

Irmão Ciro.


Mensagem psicografada por Elias Borges da Costa, no dia 29 de abril de 2013, na Reunião de Estudos Mediúnicos do Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Bezerra de Menezes, na Vila Gauíra em Curitiba – Paraná.

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